domingo, 12 de setembro de 2010

Mulher moderna ou não moderna, eis a questão!


Em tempos de liberdade, objetivos alcançados, lutas vencidas e muitas ainda por vencer, como ser uma mulher em diferencial daquelas que se levam pelas ideologias prontas?

A mulher pode ousar tudo, ser ela mesma? Deixar de lado convenções morais, deixar seu instinto feminino falar mais alto?

Oh quantas perguntas ainda temos por responder. E ai que raiva que tenho das mulheres com todas essas respostas.

Fico aqui sentada olhando para o mundo, apenas como espectadora, ínfima espectadora, que vê tudo apenas por internet e televisão, e que nem a cabo é. Mas vi algumas coisas, acompanhei pessoalmente, e li em algum lugar: mulheres, quantas mulheres que lutaram pela liberdade. Liberdade para poder estudar, trabalhar, amar, e apenas buscar seus próprios sentidos na vida, pois infelizmente, nosso destino já é traçado, e acabamos nos iludindo com as maravilhas de sermos mulheres neste nosso século. Podemos agora estudar, trabalhar. Somos executivas, empresárias, doutoras, cientistas, filósofas, psicólogas, trabalhadores, estudantes, mães casadas, mães solteiras. São nossas nomenclaturas, agora homens, são apenas homens, parecem ainda não precisar de tantas formalidades para se identificarem como pessoas.

Mas voltando às escolhas, somos nós que escolhemos ser executivas, médicas, juízas, ou só são das tais nomenclaturas que tanto precisamos para conseguirmos sermos pessoas? Infelizmente, estamos entrando em uma fria, estamos novamente nos escondendo atrás de algo para nos defendermos da sociedade, e mesmo assim continuamos prisioneiras. Mas porque diabos ainda somos tão prisioneiras diante de tanta liberdade de expressão, eu, por exemplo, posso escrever isso aqui sem ser taxada de subversiva, feminista, mulher moderna, ou qualquer outro apelidinho mais vulgar ou comum? Não! Não posso. Somos ainda prisioneiras, conquistamos nosso espaço profissional, e acumulamos tarefas, agora além de sermos boas mães, esposas, donas de casa, somos também boas profissionais, o que era antes a depressão da dondoca, se transformou na supressão da mulher moderna. Sem falar também da prisão do casamento, deixamos de lado nossos gostos, princípios e ideais, para nos tornarmos “um só”. Um só, na prisão da sexualidade monogâmica, na prisão das roupas decotadas que já não usaremos, dos amigos homens que não serão mais tão frequêntes em suas visitas, e entre tantas outras coisas, toda essa prisão em troca de comodidade, conveniência, moralidade. Mas essas idéias que coloco aqui não serão executadas por mim, pois as normas contra as quais luto constantemente já estão enraizadas em mim; penetradas como um câncer que já tomou conta de todos os órgãos vitais. E o que devemos fazer, nos render? A resposta é não, pois estaríamos lutando contra nós mesmas, olho tão fundo para o meu problema, que ele passa a me olhar e a me consumir. Infelizmente temos que nos adequar constantemente a cada ambiente que frequentamos, na faculdade não podemos usar vestidos vermelhos e curtos (caso Geise), não podemos também frequentar bares junto aos nossos amigos homens, não podemos beber, pois ficamos histéricas e vulgares, como também, não podemos ser mal-amadas, temos constantemente que ter um homem que nos ame incondicionalmente, e que nos sejam fiéis eternamente. Temos que manter a pose, o que seria de nós sem ela? E quando arrumamos um homem, ao menos próximo do que é humanamente possível de ser, para estar do nosso lado e não por cima da gente, os belos desafiadores da nossa sociedade moderna, ainda levam nome de babacas, dominados, inferiores ou gays. O pior de tudo vem aí, são as próprias mulheres que se detonam. Outro dia, levei um filme para o ônibus da faculdade, para passar tempo em uma hora de viagem. O filme era uma comédia pornô, o estilo american pie. Inocente, coitada de mim, levei um filme em que se tratava de uma mulher virgem, que quer perder a virgindade e fica procurando caras para executar a difícil missão. Acostumados, porém, com filmes levados também para esse ônibus, e que se tratava de homens virgens correndo atrás de mulheres, e levados também por homens, pensei novamente ingênua, que tal filme seria apenas mais um. Triste engano, as mulheres quase santas, e todas virgens, fizeram uma revolução, me xingaram de tudo o que não presta, outras perguntaram até se eu não tinha vergonha. Resumindo, seria mais honroso, moral e ético, um homem levar um filme de um outro homem tendo ejaculação precoce, pois nunca comeu ninguém na vida, de que uma mulher, levar um outro filme de uma mulher, querendo ser deflorada, pois a sua natureza a chamava.

Oh com é difícil ser mulher, e como é mais difícil ainda ser mulher moderna, nessa sociedade tão mais moderna, ter que ser tão cautelosa diante de tantas exigências. E diante delas, ai vai uns palpites de como ser uma mulher de sucesso e feliz, sem maiores problemas:

1 - Ter o cuidado de não falar palavrões na frente de familiares ou pessoas que não sejam da sua idade ou de sua tribo;

2 – Ser coerente e equilibrada 24h por dia;

3 – Não cansar; não ficar feia ou com rugas;

4 – Não ter olheiras, e ter cabelo liso é de fundamental importância;

5 – Usar sempre salto alto;

6 – Vestidos decotados apenas em locais apropriados, como por exemplo, prostíbulos, bordeis, cabarés, ou puteiros mesmo.

7 – Não poder ser cachorrona, não pedir sexo, não tomar a iniciativa.

8 – Casar e ter filhos;

9 – Trabalhar fora e dentro de casa;

10 – E ainda no quesito beleza, ter que fazer academia, colocar silicone, fazer uma bela lipo, e uma plástica na meia idade.

Oh minha Nossa Senhora das causas impossíveis, valei-me.