sábado, 25 de abril de 2009

Contexto histórico da participação feminina na sociedade








Em variadas épocas encontram-se escritores, cientistas, filósofos e homens comuns que tinham e tem uma opinião acerca do lugar ideal para a mulher. Será que desde a Antigüidade e tempos remotos, as peculiaridades da mulher seriam: modéstia, castidade, amor à família, casamento, gravidez?
Existe pouca fonte documental na história que fale das mulheres, ou senão existem essas que foram escritas por homens. Tudo, ou quase tudo que se sabe da mulher na história da humanidade, foi escrita por homens, eles que detinham o poder econômico e intelectual. Por isso não se sabe ao certo se a mulher sempre teve uma posição de submissão e inferioridade.
A mulher representa a sensibilidade, o homem: a força. Ela plantava, cozinhava. Ele caçava. Isso introduziu no consciente das pessoas que o homem era superior, pois tinha a força de caçar, enquanto o serviço que a mulher exercia era facilmente exercido pelo homem.

“O simples aspecto da mulher revela que não é destinada nem aos grandes trabalhos intelectuais, nem aos grandes trabalhos materiais. Paga a sua dívida à vida não pela ação mas pelo sofrimento: as dores da maternidade, os inquietos cuidados da infância; deve obedecer ao homem, ser uma companheira paciente que o conforte. Não é feita para grandes esforços, nem para dores e prazeres excessivos; a vida para ela pode decorrer mais silenciosa, mais insignificante, mais serena que a do homem, sem que ela seja, por temperamento, melhor ou pior.” Arthur Schopenhauer"

O machismo, ou mesmo falta de bom senso de alguns intelectuais, fazem aumentar ainda mais a desigualdade entre homens e mulheres. Alguns filósofos, como: Nietzsche que seguiu parte das idéias de Schopenhauer, fomentaram alguns dos estereótipos atribuídos às mulheres, assim tanto o senso-comum, quanto a comunidade acadêmica se justificam.
Quando se fala em intelectualidade, espera-se falar sobre conhecimento, e é impossível pensar que grandes filósofos, não tinham conhecimento da história de grandes mulheres, ou então isso se dá por oposição da parte deles a não citar ou ao menos lembrar esses nomes.
Muito antes do século XIX, época em que vivera Arthur Schopenhauer, encontram-se registros antigos que remotam 6.000 anos a.C. de mulheres voltadas às práticas astronômicas. A sacerdotisa Em Hedu'Anna, da Babilônia, que viveu por volta 2.300 a.C., ajudou a decifrar as estrelas e desenvolver os calendários, tornando-se um símbolo e referência importante para os astrônomos e matemáticos. A egípcia Aganike (cerca de 1878 a.C.) era conhecida como filósofa e astrônoma. Aglaonice de Thessalia que viveu na Grécia, explicou eclipses de Lua, e por fazer previsões sobre eclipses foi considerada bruxa. Um nome mais conhecido é de Hipátia de Alexandria, matemática e filósofa neo-platônica, nascida aproximadamente em 370 d.C. e assassinada em 415 d.C. Ela estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia e artes. A ela se atribui a invenção do Astrolábio, e do densímetro. Foi morta por cristãos fanáticos, acusada de heresia.


"Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos de seu tempo. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber seus ensinamentos."
A Vida de Hipátia, em História Eclesiástica."

Quem já não ouviu falar em Cleópatra? Pois ela é uma das mulheres mais conhecidas da história da humanidade e uma das governantes mais famosas do Antigo Egito. Nunca foi a detentora única do poder no seu país, de fato co-governou sempre com um homem ao seu lado: o seu pai, o seu irmão (com quem casaria mais tarde) e, depois, com o seu filho. Contudo, em todos estes casos, os seus companheiros eram apenas reis titularmente, mantendo ela a autoridade de fato. Também, vale ressaltar Nerfetiti, uma das mulheres mais influentes do Egito, ela reinou lado a lado com Amenófis IV, governante da 18ª dinastia do Novo Reino, que mudou seu nome para Alchenaton depois de subir ao trono em 1353 a.C.
Mas voltando para o mundo da Ciência, com certeza Einstein é um nome muito conhecido, e Mileva Maric, alguém conhece? Ela foi uma matemática sérvia primeira mulher de Einstein, era uma brilhante cientista sérvia que abandonou sua carreira para cuidar dos dois filhos do casal. Contam que ela que fazia os cálculos de Einstein. Lise Meitner foi uma física austríaca que estudou radioatividade e física nuclear, tendo sido a descobridora da fissão nuclear. Meitner reconheceu o potencial explosivo desse processo. Imediatamente esses resultados foram confirmados no mundo inteiro. Tal descoberta fez com que outros cientistas se juntassem para convencer Albert Einstein a escrever uma carta ao Presidente Franklin D. Roosevelt, alertando-o quanto aos perigos do Projeto e em um prêmio Nobel, seu nome não foi sequer reconhecido pela descoberta. Maria Sklodowska, mais conhecida por Marie Corrie, assumiu a cadeira de seu falecido marido na Universidade de Sorbone e tornou-se membro da Academia Francesa de Medicina, posição também inédita para uma mulher. Foi uma cientista francesa de origem polaca, sendo laureada com o Prémio Nobel de Física de 1903 pelas suas descobertas no campo da radioatividade (que naquela altura era ainda um fenômeno pouco conhecido) e com o Prémio Nobel de Química de 1911 pela descoberta dos elementos químicos rádio e polônio. Foi também diretora de laboratório reconhecida pela sua competência.
Não foram poucas as mulheres que se destacaram na ciência, poderia citar aqui inúmeras, com lista de A a Z. Mas nem só de ciência vive o homem, mas de arte, poesia, música, política e outras tantas áreas de atuação. Na literatura, Lou Salomé foi escritora russa, que tinha um tom psicanalítico em seus romances, ganhando assim admiração de Freud. Conheceu e conviveu intelectualmente com Freud, Jung, Nietzsche, Henri Bergson, Sartre, Paul Rée, entre outros grandes homens. Ela quebrou regras morais em seu tempo. Falando em quebrar regras morais, Pagu é um nome peculiar. Patrícia Rehder Galvão, que usava o pseudônimo de Pagu, viveu na década de 30, foi escritora e jornalista, casada com o escritor Oswald de Andrade. Ela escandalizava a sociedade, quando fumava na rua, e usava roupas transparentes, e foi a primeira brasileira a fazer topless. E por fim, Simone de Beauvoir, escritora, filósofa existencialista e feminista francesa. Casada com o filósofo existencialista Sartre.

“O que distingue o homem do animal é a razão; confinado no presente, lembra-se do passado e pensa no futuro: daí a sua prudência, os seus cuidados, as suas freqüentes apreensões. A razão débil da mulher não participa dessas vantagens nem desses inconvenientes; sofre de uma miopia intelectual que lhe permite, por uma espécie de intuição, ver de uma maneira penetrante as coisas próximas; mas o seu horizonte é limitado, escapa-lhe o que é distante. Daí resulta que tudo quanto não é imediato, o passado e o futuro, atuam mais fracamente na mulher do que em nós: daí também a tendência muito mais freqüente para a prodigalidade, e que por vezes toca as raias da demência.” Arthur Schopenhauer"


A maioria das mulheres não tinham acesso à educação. Elas sempre foram educadas para criarem filhos e cuidarem da família. Mesmo assim, com pouquíssimos mecanismos de inclusão, se sobressaíram. Infelizmente muitas destas foram desfavorecidas pela História, (esta que foi escrita por homens), sendo esquecidos os seus feitos. Outras que desafiaram este falo ereto da sociedade, foram queimadas na fogueira da inquisição, acusadas de bruxaria, sendo elas na maioria das vezes, cientistas.

Atualmente mulher tem acesso à educação, mesmo com todo preconceito e discriminação, ela pode chegar a níveis outrora inimagináveis, hoje a mulher se encontra em cargos de chefia. Elas são escritoras, filósofas, artistas, políticas, cientistas, empresárias, donas de casa, donas disso ou daquilo, donas de sua inclusão social.


(Elza Nayara)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

"O Brasil é isso mesmo que está aí"






“Os distraídos talvez ainda não tenham percebido, mas o Brasil acabou. Sinais disso foram se acumulando, nos últimos meses: a falência do Congresso e de outras instituições, a inoperância do governo, a crise aérea, o geral desarranjo da infra-estrutura. A escola que não ensina, os hospitais que não curam, a polícia que não policia, a Justiça que não faz justiça, a violência, a corrupção, a miséria, as desigualdades.”

(trecho de entrevista feita por João Moreira Salles a Fernando Henrique Cardoso, em agosto de 2007).



Estamos vivendo em uma época de crises. Escândalos um atrás do outro, corrupções, CPIs, desestruturação na educação, na saúde. Uma infâmia. Porém, chega a ser ridícula a atribuição da história política do Brasil a apenas um governo.
Qual nossa visão de mundo? “O mundo é o que vemos na tela do computador, da televisão ou do celular”. Sendo assim, a citação do sociólogo Fernando Henrique nos impõe sua visão de mundo. Entretanto, não estamos mais enfurnados na caverna vendo apenas as sombras da realidade, procuramos questionar. Por isso, mesmo não sendo “rei dos sociólogos” ou mesmo “sociólogo dos reis”, percebo que o Brasil é o que é não por culpa de um ou de outro, mas por uma cultura de dominação e exploração, e isso explica muita coisa.
Portanto, eu que tenho muito dinheiro, viajo o mundo inteiro, tenho uma bela visão de mundo: Vou-me embora para Pasárgada, pois lá eu sou amiga do rei. O Brasil não existe mais, ao menos para mim que leciono na Universidade de Brown, em Providence, ganho o meu, para o mim o Brasil é um país que não tem jeito. Aqui foram soltas todas as desgraças e calamidades, da caixa de pandora não vou deixar sobrar nem a esperança.

(Elza Nayara)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

AUTO




(Quadro de Vincent van Gogh - The Bedroom - 1889)












Tapei as narinas
Andei atordoada em meio às pessoas
Minha visão não era boa.
Tapei as narinas
O mau cheiro podia ser capaz de invadir qualquer ser dotado de toda virtude, de toda “personalidade”, de persona.
Fui andando em meio às pessoas, mas para agüentar, continuei a tapar as narinas.
Sentei, coloquei o cotovelo encostado em meu joelho e minha mão em meu queixo. De nada adiantou, isso me fez apenas mudar.
Tapei os ouvidos
Passei boa parte desse tempo satisfeita.
A única coisa que eu ouvia era o meu eu, meu amigo mais íntimo.
Ele me falou por muito tempo.
Fique sentada pensando: apenas sinto o cheiro bom, apenas sinto meu cheiro, apenas me escuto.
Enfim, tapei os meus olhos
Não há nada de bom, o que via era apenas destruição. Estão destruindo a tudo e a todos. Mas eu passei a me olhar, olhar o meu interior. Vi tudo o que eu desejava ver.
Foi um tempo de lindos campos com flores que exalavam o melhor perfume entre o canto dos pássaros.
Cheirei-me, senti o fedor das minhas víceras podres, ouvi o meu instinto mais perverso falar em mim, olhei-me no espelho e vi minha personalidade desfragmentando-se em mil pedaços.
Quem sou eu?
Voltei a andar atordoada em meio às pessoas, senti-me superior a elas, e ao mesmo tempo igual em essência.
Não tapei narinas, olhos ou ouvidos.
Sinto o mau cheiro, ouço os tons mais desafinados, olho para as feições mais desajeitadas.

Quem sou eu? Pergunto mais uma vez!
Uma Maria ninguém
Porém, que está querendo saber quem é, o que é, o que pode vir a ser, e quem um dia já foi.

Antes observava da retina dos olhos para fora
Agora tento olhar para dentro (como outrora aprendi)
E jogar esse olhar para fora, já cheio de respostas e indagações.
O nosso sangue tem o mesmo cheiro ou fedor, os nossos olhos, pretos ou azuis, enxergam as mesmas tonalidades.
Só “pressuponho” de mim mesma.

(Elza Nayara)

domingo, 19 de abril de 2009

A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

E naquele dia,
o seu filho nasceu para dentro.
E quanto mais o tempo passava,
mais o menin
o crescia:
esbarrando no seu coração.

(Rita Apoena)

Passeia por todos os campos, político, religioso, moral, jurídico, científico, filosófico: a discussão sobre a legalização do aborto. A que ponto a lei poderá assegurar os direitos do cidadão, enfatizando sobretudo os das mulheres. Será a mulher dona do seu próprio corpo?
As instituições, ongs, entre outras vertentes feministas, lutam incansavelmente pela inclusão da mulher, seja no mercado de trabalho, ou senão numa convivência igualitária. Uma das lutas que se destaca, por se tratar de um tema polêmico, é o da legalização do aborto. Argumentam que a mulher é tratada apenas como um mero reprodutor, a responsável pela continuidade humana. A mulher não tem direito nem ao menos ao próprio corpo.
Tal posicionamento extremo é uma forma de defesa de mulheres que enfrentam e enfrentaram uma sociedade machista. Por isso mesmo que há uma contrariedade em determinadas lutas. Buscam legalizar um crime infame, contra um ser indefeso. Pois sim, a mulher é dona de seu corpo, legalizem. Todas agora terão o direito de matar, e não serão penalizadas, e melhor, não terão inimigos, sendo elas mesmas, “parentes mais próximos”, não darão trabalho algum, pois não haverá velório.
Não sendo também radical, abre-se exceção para anencéfalos, bebês com ausência de cérebro, pois em 100% dos casos não chegam a viver. Entretanto, mesmo em casos de estupro o crime é cometido da mesma forma. O moralista diz que é desonroso, o político diz que é pela taxa de natalidade, o religioso que é pecado, e o filósofo dirá que não existe verdade absoluta. Com tudo isso, não deixa de ser um dos piores crimes.

A foto abaixo se trata de uma cirurgia feita nos EUA. É uma cirurgia na espinha bífica do feto, sem a sua retirada do ovário, sendo que se fosse retirado morreria. Por ser uma cirurgia muito delicada e uma inovação na medicina foi registrada por um fotógrafo. Essa imagem comoveu e comove muitas pessoas. A luta pela vida de um bebê, este que está segurando a mão do médico, talvez como um sinal de agradecimento por esses pais que foram até as ultimas possibilidades para a sobrevivência de seu filho.

(Elza Nayara)