sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vamos discutir religião?



Como é difícil falar sobre religião. Será que a relatividade me permite defender ou punir qualquer tipo de religião? Será que extremismos, sejam teístas ou ateístas também me permitem dialogar? Pois bem, qualquer um discute, dialoga, ou mesmo monologa sobre religião, mas ninguém chega a um consenso, então seria possível concluir que a discussão é inútil?

Por isso que é muito complicada a construção de um texto sobre religião, para isso eu teria que ler milhões de livros que estão disponíveis nas bibliotecas, sejam dos que foram jogados na fogueira da inquisição católica, ou um São Tomaz de Aquino para começar. Eu não li esses livros, minha fonte é totalmente limitada, no entanto, este assunto “cututa” na minha cabeça desde sempre. Mesmo assim, gostaria de expor minha opinião, mesmo, que por muitas vezes esta seja baseada no achismo.

Eu vejo constantemente pessoas que se intitulam como ateus, ou senão, agnósticos, céticos, ou até como outros chamariam: “hereges” na atualidade. Paira no campo acadêmico este tipo. Os detentores do conhecimento, e da salvadora ciência, estão nos corredores da Faculdade, fazendo cursos de História, Física, e seus similares. Mal entram na faculdade já começam a ler Nietzsche, Freud, Marx e Engels, entre outros intelectuais, aí pronto, estão com documentos dignos para comprovação da inexistência de Deus. Alguns entram católicos ou mesmo os crentes convictos, e inebriam-se diante de tanto conhecimento e tanta informação juntas – de hoje em diante, serei estudante de História, falarei mal da igreja católica na Idade Média, e serei ateu – Este sim, deveria ser o juramento de um calouro. E os professores, principalmente os de História, de Faculdades Federais ou Estaduais, acho que eles se sentem na obrigação de serem ateus, se não soaria inculto diante de seus alunos.

Lembro-me da época que fiz cursinho, em que professores faziam caricaturas da Idade Média, pareciam até evangélicos daqueles que andam de porta em porta, com frases feitas, e argumentos prontos, para impressionar qualquer leigo. Então de repente entram na discussão: ATEU vs TEÍSTA, “quem consegue provar a existência de Deus? O ateu com a mais recente descoberta científica da prova de que não se pode provar que Deus existe, o teísta com a prova da Física Quântica, de que há possibilidade de Deus existir. É uma discussão sem fim.

Mas eu, no meio de tanta mudança, de tanta gente que não acredita mais no Deus que não interrompeu tal guerra, que não salvou seu filho com câncer, - “se ele existe, porque permite tal desgraça” - alguns falam ou gritam envoltos em suas revoltas. De tanta gente que leu tantos autores que não acreditavam nesse Deus. Eu aqui, no meio do Deus da fé Islâmica vs fé católica, e das guerras promovidas em seu nome. Das pestes, das gripes suínas, das dores, dos lamentos. No meio do ateu instruído, com Doutorados, P.h.d, e para lá das tantas especializações e cursos. No meio de tantos livros que nos fornecem o que sabemos sobre o mundo. Diante de tudo isso eu me pergunto: Deus existe? E ao olhar para mim mesma, sabendo de minha existência, sabendo que sou o que a sociedade me fez, mas não estou livre do meu instinto, e, sobretudo, sabendo que Deus me deu, e a todos o livre arbítrio, respondo que sim, Deus existe, se ele não existisse, este texto não existia, meus dedos não existiriam, meu conhecimento, meu corpo, e você que agora está lendo este texto também não existiria, pois diante de todos os conceitos que conheço de Deus, eu me reconheço em um, que Deus está em mim, e está em tudo. Está na criação, esta mesma que em tal momento foi conceituada como “Big Bang”. E como diria Pe. Zezinho, Deus não é o Deus que vemos, Deus é o que é, independente dos ângulos que o vemos.

Deus sempre existiu, mas quem criou os ângulos de como vê-los foram os homens. Acredito quando muitas vezes alguém diz: “nós somos criadores dos deuses”. Pois são os homens que denominam, conceituam, dão forma, a Deus, a dinvidade. Deus em algum tempo era algo redondo e brilhante, o sol foi Deus. O homem não cansou, fez Deus de forma monoteísta, como na crença cristã, fez deuses, no politeísmo na Grécia e em Roma. Deus no panteísmo também tinha sua forma modelada pelos homens, Deus é o universo. Deus com variados nomes, na judaico-cristã pode ser Javé ou Jeová, no Islamismo, Deus é Alá, entre outros nomes, tais: Killyou, Ahman, Brahma, Mawu na nação Jeje Candomblé Jeje, Olorun na nação Ketu Candomblé Ketu, Zambi nas nações Angola e Congo Candomblé Bantu, Guaraci na nação tupi, como o criador de todos os seres vivos, Jahbulon na maçonaria e na O.T.O., entre tantos. Deus também tem o lado feminino como: na Índia, como Kali, Tiamat (Babilônia), Temut (Egito), Nu Kua (China), Têmis (Grécia pré-helênica), etc.

Com tudo isso, ficam os crentes, aqueles que crêem na sua denominação religiosa, seja teísta ou ateísta, criando muros contra outras religiões, apenas por conta de rótulos e nomes. Repetindo, Deus é o que é, não o que vemos. Ao invés de criar muros, porque não criar pontes, como diria o poeta. “Respeito é bom e eu gosto”, muitos falam. E respeitam as denominações religiosas julgando-as. O ateu julga o teísta, e o contrário também ocorre, e evangélico julga o católico, e o contrário também. O católico e o evangélico juntos julgam o candomblé, o espiritismo, e as religiões de origem afro-brasileiras, denominando-as como religião do demônio. Acima de tudo isso, existe um capeta safado rindo da gente, e um mistério chamado Deus.

(Elza Nayara)


Finalizando enfim, gosto muito desse trecho de Voltaire:

"Dirijo minha luta não contra as crenças religiosas dos homens, mas contra os que exploram a crença. Detestemos essas criaturas que devoram o coração de sua mãe e honremos aqueles que lutam contra elas. Acredito na existência de Deus. Em verdade, se Deus não existisse, fora preciso inventá-lo. Meu Deus não é um Rei exclusivo de uma simples ordem eclesiástica. É a suprema inteligência do mundo, obreiro infinitamente capaz e infinitamente imparcial. Não tem povo predileto, nem país predileto, nem igreja predileta. Pois para o verdadeiro crente há, apenas, uma única fé, justiça igual e igual tolerância para toda a humanidade."



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O IMORAL E O MORAL DE FORMA GENERALIZADA


Estou extremamente cansada dos valores inventados por essas tristes cabeças humanas desocupadas. O valor da moral e dos bons costumes aprisionam! E o valor do imoral, não aprisiona? Como diria nosso Raul: “Eu não sou besta pra tirar onda de herói, sou vacinado sou cawboy, cawboy fora da lei”. Entre tantos significados em seu contexto, estava também aí à busca do equilíbrio, da racionalidade. Pois é, mesmo ele, tão louco, tão legal, tão fora da lei, não queria saber de encarar determinado extremo.

Mas voltando aos valores da sociedade, a moral e os bons costumes estão prevalecendo desde outrora até hoje. Ocorreram revoluções no mundo, com relação a moralidade e costumes, e no Brasil por volta dos anos de 1970, conhecido como a onda hippie. E mesmo com isso a moralidade ainda predominou e predomina. Contudo, mesmo assim, persistem a contracultura, em detonarem a moralidade. Beleza, tudo bem, o mundo não teria graça se só existissem morais ou só imorais. Mas o fato é que eles enchem o saco.

De um lado estão os morais com suas sentenças prontas, conhecidas há séculos por nós, e que devemos levá-las à frente. No entanto, me apartei há tempos dos morais, por mais que ainda viva no meio deles, compartilhe não só casa, cama, como também sentimentos, eu não compartilho do total dos seus valores. De outro lado, estão os imorais, que mandam você descer do muro, gritam que imoralidade é liberdade. No imoral há profundidade, há caos, e eles acabam compartilhando de um fim bem semelhante.

Os imorais, tanto quanto os morais seguem modas. A moda do moral normalmente é ditada pela classe dominante conservadora. Os moralistas usam ternos, cores neutras, falam baixo, ouvem boa música, e não ligam para problemas existenciais ou sociais. Vivem suas vidas de forma alheia. A moda do imoral, por sua vez, é ditada por suas tribos, sua “contracultura”. Todos se vestem de forma parecida, ouvem músicas revolucionárias e contraditórias, gritam para o mundo suas verdades. Os imorais normalmente encontram-se em humanas, enquanto os morais encontram-se em exatas.


À semelhaça dos que se postam no meio da rua a olhar de boca aberta quem passa, ainda eles aguardam de boca aberta os pensamentos dos outros. (Assim Falava Zaratrusta, Nietzsche)


Ai que chatos são esses sujeitos que se encontram nas extremidades. Eles nos espremem até sair cuspe e catarro em forma de texto. Para vocês das extremidades, digo-vos: a visão daqui de cima do muro é ótima, eu consigo ver todos vocês em todas as suas peculiaridades. Aqui em cima é muito bom, isso quando não sou por vezes, espremida. Pego-me, por várias vezes, rindo dos seus valores, de suas modas, e principalmente da lealdade em que vocês seguem seus Reis, suas Religiões, suas Seitas, suas Verdades absolutas, suas procissões tolas.


Sou ardente demais e estou demasiado consumido pelos meus pensamentos. Falta-me amiúde a respiração, então necessito procurar o ar livre e sair de todos os compartimentos empueirados. (Assim Falava Zaratrusta, Nietzsche)


Aqui em cima o vento é fresco, dá para respirar melhor, aqui em cima, por vezes me sinto até superior, mas só de pensar nisso, paro e tenho medo de cair em uma das extremidades. Peço-vos morais e imorais: parem de me espremer, senão eu espirro catarro em vocês.



Elza Nayara