Como é difícil falar sobre religião. Será que a relatividade me permite defender ou punir qualquer tipo de religião? Será que extremismos, sejam teístas ou ateístas também me permitem dialogar? Pois bem, qualquer um discute, dialoga, ou mesmo monologa sobre religião, mas ninguém chega a um consenso, então seria possível concluir que a discussão é inútil?
Por isso que é muito complicada a construção de um texto sobre religião, para isso eu teria que ler milhões de livros que estão disponíveis nas bibliotecas, sejam dos que foram jogados na fogueira da inquisição católica, ou um São Tomaz de Aquino para começar. Eu não li esses livros, minha fonte é totalmente limitada, no entanto, este assunto “cututa” na minha cabeça desde sempre. Mesmo assim, gostaria de expor minha opinião, mesmo, que por muitas vezes esta seja baseada no achismo.
Eu vejo constantemente pessoas que se intitulam como ateus, ou senão, agnósticos, céticos, ou até como outros chamariam: “hereges” na atualidade. Paira no campo acadêmico este tipo. Os detentores do conhecimento, e da salvadora ciência, estão nos corredores da Faculdade, fazendo cursos de História, Física, e seus similares. Mal entram na faculdade já começam a ler Nietzsche, Freud, Marx e Engels, entre outros intelectuais, aí pronto, estão com documentos dignos para comprovação da inexistência de Deus. Alguns entram católicos ou mesmo os crentes convictos, e inebriam-se diante de tanto conhecimento e tanta informação juntas – de hoje em diante, serei estudante de História, falarei mal da igreja católica na Idade Média, e serei ateu – Este sim, deveria ser o juramento de um calouro. E os professores, principalmente os de História, de Faculdades Federais ou Estaduais, acho que eles se sentem na obrigação de serem ateus, se não soaria inculto diante de seus alunos.
Lembro-me da época que fiz cursinho, em que professores faziam caricaturas da Idade Média, pareciam até evangélicos daqueles que andam de porta em porta, com frases feitas, e argumentos prontos, para impressionar qualquer leigo. Então de repente entram na discussão: ATEU vs TEÍSTA, “quem consegue provar a existência de Deus? O ateu com a mais recente descoberta científica da prova de que não se pode provar que Deus existe, o teísta com a prova da Física Quântica, de que há possibilidade de Deus existir. É uma discussão sem fim.
Mas eu, no meio de tanta mudança, de tanta gente que não acredita mais no Deus que não interrompeu tal guerra, que não salvou seu filho com câncer, - “se ele existe, porque permite tal desgraça” - alguns falam ou gritam envoltos em suas revoltas. De tanta gente que leu tantos autores que não acreditavam nesse Deus. Eu aqui, no meio do Deus da fé Islâmica vs fé católica, e das guerras promovidas em seu nome. Das pestes, das gripes suínas, das dores, dos lamentos. No meio do ateu instruído, com Doutorados, P.h.d, e para lá das tantas especializações e cursos. No meio de tantos livros que nos fornecem o que sabemos sobre o mundo. Diante de tudo isso eu me pergunto: Deus existe? E ao olhar para mim mesma, sabendo de minha existência, sabendo que sou o que a sociedade me fez, mas não estou livre do meu instinto, e, sobretudo, sabendo que Deus me deu, e a todos o livre arbítrio, respondo que sim, Deus existe, se ele não existisse, este texto não existia, meus dedos não existiriam, meu conhecimento, meu corpo, e você que agora está lendo este texto também não existiria, pois diante de todos os conceitos que conheço de Deus, eu me reconheço em um, que Deus está em mim, e está
Deus sempre existiu, mas quem criou os ângulos de como vê-los foram os homens. Acredito quando muitas vezes alguém diz: “nós somos criadores dos deuses”. Pois são os homens que denominam, conceituam, dão forma, a Deus, a dinvidade. Deus em algum tempo era algo redondo e brilhante, o sol foi Deus. O homem não cansou, fez Deus de forma monoteísta, como na crença cristã, fez deuses, no politeísmo na Grécia e
Com tudo isso, ficam os crentes, aqueles que crêem na sua denominação religiosa, seja teísta ou ateísta, criando muros contra outras religiões, apenas por conta de rótulos e nomes. Repetindo, Deus é o que é, não o que vemos. Ao invés de criar muros, porque não criar pontes, como diria o poeta. “Respeito é bom e eu gosto”, muitos falam. E respeitam as denominações religiosas julgando-as. O ateu julga o teísta, e o contrário também ocorre, e evangélico julga o católico, e o contrário também. O católico e o evangélico juntos julgam o candomblé, o espiritismo, e as religiões de origem afro-brasileiras, denominando-as como religião do demônio. Acima de tudo isso, existe um capeta safado rindo da gente, e um mistério chamado Deus.
Finalizando enfim, gosto muito desse trecho de Voltaire:
"Dirijo minha luta não contra as crenças religiosas dos homens, mas contra os que exploram a crença. Detestemos essas criaturas que devoram o coração de sua mãe e honremos aqueles que lutam contra elas. Acredito na existência de Deus. Em verdade, se Deus não existisse, fora preciso inventá-lo. Meu Deus não é um Rei exclusivo de uma simples ordem eclesiástica. É a suprema inteligência do mundo, obreiro infinitamente capaz e infinitamente imparcial. Não tem povo predileto, nem país predileto, nem igreja predileta. Pois para o verdadeiro crente há, apenas, uma única fé, justiça igual e igual tolerância para toda a humanidade."