quinta-feira, 17 de junho de 2010

Antíteses (15/12/2004)




Há quem diga que o mundo não tem jeito
Que a esperança já se foi para não voltar
Que a mentira já tomou conta de tudo
E para verdade nesse mundo não há lugar
Há quem diga que sonhar não vale a pena
É viver perdido na desilusão
Que a felicidade tomou outro rumo
O ser humano já não tem um coração

Este é o mundo dos computadores
Este é o mundo do capitalismo
Este é o mundo dos que passam fome
Destruídos pelo egoísmo
Este é o mundo que fabrica robores
Geradores da autodestruição
Movidos pelos mesmos motores
De quem só quer ter dinheiro nas mãos

Há quem diga que esse mundo tem jeito
Que a esperança é a última que morre
Que a mentira já tomou outro rumo
E a verdade é a fofoca que rola
Há quem diga que sonhar é combustível
Para fazer andar a nossa geração
A felicidade é nosso motivo
Para dizer que o homem tem um coração

Este é o mundo da fraternidade
Este é o mundo de paz e amor
Este é o mundo dos que sempre ajudam
Aos que morrem de fome e de dor
Este é o mundo que fabrica remédios
Para curar a dor do coração
Movidos pela mesma esperança
Para os que caem sempre dão as mãos

Este é o mundo das controvérsias
Das mentiras e verdades expostas
O mundo das antíteses enfáticas
Da esperança e dos sonhos medrosos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Relembrando ADM


Manda quem pode, obedece quem tem juízo, diz o ditado popular. Essa é uma máxima antiga, mas será que ela é tão antiga assim?

As empresas estão se modernizando, mudando padrões, adotando lideranças não mais autoritárias. O chefe não mais dá ordens inúteis só para demonstrar seu poder, ele deixa o grupo à vontade para produzir, é humilde para ouvir o que o subordinado tem a dizer, aceita opiniões, conhece seus subordinados e reconhece seus feitos, e sempre está fazendo auto-análises procurando rever seus conceitos e paradigmas.

Acontece que essa empresa moderna só existe nos livros de Administração, nas revistas especializadas. Há sim, menos opressão, isso não há como negar, todavia, líderes humildes, infelizmente não. Tenho a impressão muitas vezes, que o indivíduo, ao se tornar um chefe, é acometido por complexo de superioridade. Seu olhar somente é dado de cima para baixo, quando não é de desprezo ao seu inferior, é de uma velada compreensão, humildade, e companheirismo.

Entretanto, contrariando o que havia falando, há sim o líder que há pouco considerava utópico, inclusive já conheci um que se encaixava no perfil. Parecia mesmo que ele tinha pulado das páginas de um livro de Administração para a vida real. Era o tipo que sempre ajudava, não seguia fielmente a velha hierarquia da era clássica da administração e científica de Taylor e Fayol – obviamente não desconsiderando seus feitos, pois a partir deles é foram surgindo as novas escolas e ideologias hoje reconhecidas – mas ele seguia a linha humanista da Administração, e em pouco tempo consegui perder as contas de quantas vezes ele já foi promovido na empresa que trabalha.

Manda quem pode, gosta, e se sente bem o fazendo. Obedece que tem juízo, gosta do emprego, e se sente bem ganhando o seu todo mês. Pois é, o chefe é quem manda, não importa o motivo para dar ordens ou manter o subordinado debaixo das suas asas, e o subordinado é quem obedece sabendo muito bem qual o motivo. E no final das contas, tirando produtividade, responsabilidade, utilidade, termina o chefe mandando, sem nem saber por que, e o subordinado obedecendo sem querer pensar.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre a deslealdade

Sou contra toda e qualquer deslealdade. Conheço particularmente dois tipos, uma deslealdade bruta, óbvia, e uma deslealdade sutil, lapidada.

A primeira é terreno fértil onde são plantadas algumas sementinhas. A segunda é a água que rega.

A bruta é burra, nem percebe que dá na cara, que todos sentem o cheiro forte que possui a semente da falsidade, principalmente se anda ao lado da lapidada e sofisticada deslealdade sutil, esta que prepara todo o terreno para regar tudo o que também apenas possui: falsidade.

No final, no juízo final, qual das duas deslealdades é pior?

Eu particularmente não gosto de coisas óbvias, explícitas. Gosto de olhar, observar, analisar, e ter finalmente conseguido sentir o cheiro podre que há em toda sutileza e perspicácia da deslealdade fina. Enquanto, coisas óbvias, a gente sente o cheiro de longe, todo mundo vê quando atua a deslealdade burra.

Ah, mas há uma esperança. Uma hora, de tanto andarem juntas, a burra e a inteligente, por onde passarem deixarão o rastro de falsidade, inveja, infelicidade e frustração, afastando, portanto, uma coletividade de narinas sagazes.