É inquestionável
que somos produtos do meio, que existem milhões de fatores que nos levam a
possuir uma opinião, um ideal, um conceito, uma escolha. O primeiro referencial
são nossos pais, deles herdamos o que define nosso comportamento. Depois vem os
vizinhos, os colegas de escola, os professores, os primeiros amigos, e talvez
nesse momento é que começamos a colocar em prática a dialética hegeliana quando
comparamos o que nossos pais nos ensinaram com o que os amigos, os professores
e outros fatores externos contrapõem.
Estudando
sobre influenciação de lideranças (assunto da área de administração) conheci as
formas: coação, persuasão, sugestão e emulação.
O comportamento
humano é extremamente complexo, e por isso os graus de influenciação são
aceitos de formas diferentes de acordo com as peculiaridades do ser humano. Há pessoas
que funcionam bem sob a coação, outras pela sugestão. Há aqueles que para
influenciar utilizam-se da emulação. Emulação é quando o influenciador tenta
igualar-se ou ficar quase parecido com o interlocutor, ou seja, para conseguir
influenciar uma pessoa, é preciso pensar de forma igual, com linguagens e
posturas parecidas. Outra forma, a persuasão, é quando o influenciador usa de
argumentos plausíveis para tentar convencer o interlocutor. Em se falando de
argumento é importante diferenciá-lo de opinião, de achismos, pois argumentos
são proposições em que há premissas verdadeiras e um resultado ou conclusão
verdadeira ou falsa.
Um exemplo
de argumento:
Premissa
1 - vitamina C é um antigripal infalível.
Premissa
2 – Joana toma vitamina C todos os dias.
Conclusão
– Joana não ficará com gripe.
Esse
é um argumento válido, verdadeiro, tendo em vista que a conclusão está de
acordo com as premissas.
Ou:
Premissa
1 - vitamina C é um antigripal infalível.
Premissa
2 – Joana toma vitamina C todos os dias.
Conclusão
– Joana mesmo assim ficou com gripe.
Percebe-se
que a conclusão não é válida. Pois em uma das premissas diz que vitamina C é um
antigripal infalível.
Então,
logicamente, o interlocutor será obrigado a concordar ou discordar de acordo
com os argumentos utilizados pelo influenciador. Acontece que, quando o sujeito
não conhece ou não se interessa pela contraposição, ele certamente irá de
imediato concordar com o influenciador, pois não possuía argumentos para
destruir ou invalidá-lo.
É nesse
momento que a dialética hegeliana entra em cena. De acordo com Hegel, é preciso
conhecer a ideia, contrapô-la e logo após formar um novo conhecimento, uma nova
ideia. É formada pela tese, antítese e síntese. De forma bem simples, a tese é
a afirmação inicial, a antítese é a oposição à tese, e deste conflito nasce a
síntese, que é o novo conhecimento, nova faceta da afirmação inicial. Conforme Hegel
“este processo de contradição e desenvolvimento é inerente à realidade
histórica e ao pensamento, e que o exercício dessas contradições
necessariamente conduz a estágios mais elevados.”
É assim
que está se fazendo a construção do conhecimento, por isso que sempre vai
crescendo em estágios contínua e infinitamente.
Diz
Descartes, em sua obra O discurso do método que “Muitas vezes as coisas que me
pareceram verdadeiras quando comecei a concebê-las tornaram-se falsas quando
quis colocá-las sobre o papel.”
Ótima
leitura para quem quer iniciar no mundo da Filosofia, pois em toda a evolução
do livro ele questiona a validade do pensamento, e um bom filósofo sempre
duvida de tudo (risos). Dizia ainda que até os nossos pensamentos podem nos
enganar, inclusive, que o homem não possui ideia ou pensamento perfeito.
A construção
do conhecimento é árdua e nada fácil. Se formos nos atinar a isso diariamente
ficamos até receosos de ter opinião com medo de estarmos sendo enganado pela nossa
própria ideia ou pensamento. E por isso que não devemos ter medo de mudar de
opinião, mesmo que diariamente, pois é assim que se constrói o conhecimento.
Aí eu
pergunto: Você pretende ser o influenciador, o construtor de conhecimento ou o
agente passivo puramente resultado do meio?