domingo, 21 de julho de 2013

Construindo conhecimento

É inquestionável que somos produtos do meio, que existem milhões de fatores que nos levam a possuir uma opinião, um ideal, um conceito, uma escolha. O primeiro referencial são nossos pais, deles herdamos o que define nosso comportamento. Depois vem os vizinhos, os colegas de escola, os professores, os primeiros amigos, e talvez nesse momento é que começamos a colocar em prática a dialética hegeliana quando comparamos o que nossos pais nos ensinaram com o que os amigos, os professores e outros fatores externos contrapõem.
Estudando sobre influenciação de lideranças (assunto da área de administração) conheci as formas: coação, persuasão, sugestão e emulação.
O comportamento humano é extremamente complexo, e por isso os graus de influenciação são aceitos de formas diferentes de acordo com as peculiaridades do ser humano. Há pessoas que funcionam bem sob a coação, outras pela sugestão. Há aqueles que para influenciar utilizam-se da emulação. Emulação é quando o influenciador tenta igualar-se ou ficar quase parecido com o interlocutor, ou seja, para conseguir influenciar uma pessoa, é preciso pensar de forma igual, com linguagens e posturas parecidas. Outra forma, a persuasão, é quando o influenciador usa de argumentos plausíveis para tentar convencer o interlocutor. Em se falando de argumento é importante diferenciá-lo de opinião, de achismos, pois argumentos são proposições em que há premissas verdadeiras e um resultado ou conclusão verdadeira ou falsa.
Um exemplo de argumento:
Premissa 1 - vitamina C é um antigripal infalível.
Premissa 2 – Joana toma vitamina C todos os dias.
Conclusão – Joana não ficará com gripe.

Esse é um argumento válido, verdadeiro, tendo em vista que a conclusão está de acordo com as premissas.

Ou:
Premissa 1 - vitamina C é um antigripal infalível.
Premissa 2 – Joana toma vitamina C todos os dias.
Conclusão – Joana mesmo assim ficou com gripe.

Percebe-se que a conclusão não é válida. Pois em uma das premissas diz que vitamina C é um antigripal infalível.  

Então, logicamente, o interlocutor será obrigado a concordar ou discordar de acordo com os argumentos utilizados pelo influenciador. Acontece que, quando o sujeito não conhece ou não se interessa pela contraposição, ele certamente irá de imediato concordar com o influenciador, pois não possuía argumentos para destruir ou invalidá-lo.
É nesse momento que a dialética hegeliana entra em cena. De acordo com Hegel, é preciso conhecer a ideia, contrapô-la e logo após formar um novo conhecimento, uma nova ideia. É formada pela tese, antítese e síntese. De forma bem simples, a tese é a afirmação inicial, a antítese é a oposição à tese, e deste conflito nasce a síntese, que é o novo conhecimento, nova faceta da afirmação inicial. Conforme Hegel “este processo de contradição e desenvolvimento é inerente à realidade histórica e ao pensamento, e que o exercício dessas contradições necessariamente conduz a estágios mais elevados.”
É assim que está se fazendo a construção do conhecimento, por isso que sempre vai crescendo em estágios contínua e infinitamente.
Diz Descartes, em sua obra O discurso do método que “Muitas vezes as coisas que me pareceram verdadeiras quando comecei a concebê-las tornaram-se falsas quando quis colocá-las sobre o papel.”
Ótima leitura para quem quer iniciar no mundo da Filosofia, pois em toda a evolução do livro ele questiona a validade do pensamento, e um bom filósofo sempre duvida de tudo (risos). Dizia ainda que até os nossos pensamentos podem nos enganar, inclusive, que o homem não possui ideia ou pensamento perfeito.
A construção do conhecimento é árdua e nada fácil. Se formos nos atinar a isso diariamente ficamos até receosos de ter opinião com medo de estarmos sendo enganado pela nossa própria ideia ou pensamento. E por isso que não devemos ter medo de mudar de opinião, mesmo que diariamente, pois é assim que se constrói o conhecimento.
Aí eu pergunto: Você pretende ser o influenciador, o construtor de conhecimento ou o agente passivo puramente resultado do meio?