Andei
pensando sobre o amor, daí perguntei a alguém o que era o amor, e ele respondeu
que depende. Pode ser amor de mãe, amor de irmão, amor marital, sexual, enfim,
não dá para responder o que é o amor.
Segundo o dicionário Aurélio, amor é, entre tantos significados: Sentimento
que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente
afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa, sentimento
intenso de atração entre duas pessoas, ser que é amado, disposição dos afetos
para querer ou fazer o bem a algo ou alguém, entusiasmo ou grande interesse por
algo, ligação intensa de caráter filosófico, religioso ou transcendente, grande
dedicação ou cuidado. Ahhh o amor! Tema tão discutido desde a antiguidade até
hoje. O amor fraternal, o amor romântico.
De
acordo com a bíblia, sobretudo, I coríntios 13, o amor deve a tudo suportar,
tudo esperar, tudo crer. Deve ser sofredor e bom, não deve ser invejoso e não
se irritar. O amor pensa no outro e não busca os seus interesses. O amor deve ser justo e verdadeiro. Vivemos em um mundo, tenho a impressão,
desistente do amor. É tão difícil amar, que é melhor não amar. Porque, para
amar eu preciso ver o interesse do outro e não o meu, eu tenho que usar da
justiça, mesmo sendo maléfico para mim mesmo. Tenho que ser verdadeiro, mas não é aquele
verdadeiro que diz tudo na cara, que magoa as pessoas, mas simplesmente aquele
vive na verdade. É, parece mesmo que deixamos de amar. Hoje nos apaixonamos e
pronto, sem comprometimento. Amamos nossos pais, até porque eles nos amam
incondicionalmente, assim é bem fácil.
Falar
de amor é falar de humanidade. E quando toco neste assunto lembro-me de um
personagem e um episódio. O personagem que lembro é Zaratustra, poeta de
Nietzsche, que dizia que nós somos egoístas por instinto. O que há de amor e
caridade é nada mais nada menos do que máscara social que usam os mais
hipócritas. Pensei muito a respeito do pensamento deste Zaratustra. Pensei
tanto, que passei a acreditar que tudo o que eu fazia era apenas por mim, nada
e nunca por benefício de outrem. Mas depois de um longo tempo racionalizei e
pensei novamente, se o egoísmo é instinto, a bondade deve ser também. E lembrei-me
de muitos outros filantrópicos, Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, São Francisco,
enfim, a lista felizmente é grande. Mas sem rodeios, vou falar sobre o
episódio. Um dia fui à missa assistir a uma homilia de um Pe. Doutor em
filosofia. Esperava os conceitos mais racionais, e raciocináveis, porém, o que
mais me marcou, e lembro até hoje disso não foi complexo ou retórico, foi o que
de mais simples existe e disse: “as pessoas estão buscando a santidade, mas
passam por uma calçada vêem um pobre faminto, e ficam alheias”. Estas mesmas
não se indignam com a injustiça social, aliás, muitos são alpinistas sociais.
Passam e vêem pessoas não só desnutridas de alimentação, mas de esperanças de
um mundo melhor, mais justo. Passam por jovens sedentos por conhecimento, mas
com inchadas nas mãos. Mulheres com fome de cultura, mas com uma trouxa de
roupas nas costas para lavar e ganhar o seu dia. E o que fazem, o máximo que
querem é garantir o seu. Ele completou que antes de querer ser santos, devemos
ser mais humanos, e parar para olhar essas coisas, que são sim de nossa
responsabilidade, pois até na hora da escolha dos nossos representantes devemos
nos lembrar de tudo isso. A lição: tentar ser humano.
Mas
voltando ao início do texto em que cito um trecho da bíblia, no mesmo texto diz
que mesmo eu possuindo o dom das profecias, o dom de todos os mistérios e toda
ciência. Se tivesse toda fé, se não tivesse amor de nada valeria. E no fim
ainda diz que tudo cessará, mas não o amor. E contextualizando, vi uma frase
que me chamou atenção: "Quando a última árvore for cortada, quando o
último rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim eles verão
que dinheiro não se come”. Pois é, o dinheiro também acaba, e a nossa carne vai
ser servida aos vermes, a única coisa que deixaremos será, talvez, uma boa
lembrança de que fizemos algo de útil por amor, arte rara da contemporaneidade.