sábado, 1 de outubro de 2011

TOMAR BANHO DE CHUVA LAVA A ALMA


Saudade daqueles tempos que parecem nunca mais querer voltar. Andar de bicicleta, tomar banho de chuva, comer chocolate, tomar run, fazer piquenique, aniversário surpresa, paquerar, chorar e sofrer. Oh santa adolescência que trás de volta tanto horror e ternura, tantos extremos, tanta aventura.

Tantas coisas simples vivi. Jogar capoeira, jogar futebol, jogar vôlei, jogar ximbra..kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk a vida era um jogo. A nossa vida agora se tornou um jogo muito maior. Responsabilidade, compromisso, resultado. O resultado do jogo qual é?

Na bíblia fala em algum lugar, em algum versículo, que o reino dos céus pertence a quem tem alma de criança. Será que tenho que voltar a jogar bola, ximbra e vôlei, a brigar com mamãe de modo tão egoísta e tão mais confortável, deixar que alguém abra mão de tudo por mim, e só me divertir. Talvez eu tenha entendido mal a mensagem, mas que saudade dá da falta de compromisso, do egoísmo, do ócio, e tudo de bom que ele produzia, do meu senso crítico, de minha alma em busca de algo maior, de querer mudar o mundo, de ser melhor, que saudade que tenho.

Qual o tipo de cifra que compra tudo isso. Ideologia, o que será isso? Músicas legais, vida legal, parece não existir mais. Estou gorda, estou velha, estou cansada, ora motivada, ora totalmente fracassada. Oh vida! oh morte! oh loucura! cadê você?!?! A loucura que me deu equilíbrio, ou aquele desequilíbrio tão bom, tão gostoso. Acho que vou ser normal, por isso choro. Vou ter um filho, e minha vida acaba, pra começar outra vida. Que a dele não seja medíocre, mas não seja assim igual a minha sem foco, sem rumo, sem destino. Dele ou dela né.

Nunca mais tinha escrito nada, tava numa santa normalidade alienada. Agora penso que alienação é nada mais que uma situação em que pessoas que não tem tempo de pensar, se alienam àquilo que estão fazendo. Oh crise! oh vida! oh loucura! Dei-me de volta a inteligência dos meus 18 anos, a idade ta me fazendo regredir, a responsabilidade ta me deixando quadrada, o costume tá me deixando burra. Ohhhhhh diários da minha infância e adolescência, dei-me folhas para escrever, e mande com elas o tempo. Quero tempo, quero tempo, quero tempo. Fora revolução industrial, fora inovação da administração, vamos viver com o antiquado, vamos ter preguiça e sermos felizes, vamos comer o que plantamos, vamos esquecer dessa loucura, vamos acabar com a internet e a moda, vamos não querer comprar, vamos não querer ter, vamos ser, ser, ser, ser, ser, ser. Ser ou não ser, eis a questão. Ahahahahahhaha que hilário.

E como diria Lenine, para justificar todo esse emaranhado de palavras fora de ordem, de contexto, e de tudo que a gramática condena eu cito: “Eu gosto é do inacabado, o imperfeito, o estragado que dançou, o que dançou... Eu quero mais erosão, menos granito, namorar o zero e o não, escrever tudo o que desprezo, e desprezar tudo o que acredito, eu não quero a gravação, não, eu quero o grito, que a gente vai, a gente vai e fica a obra, mas eu persigo o que falta não o que sobra, eu quero tudo que dá e passa, quero tudo que se despe se despede e despedaça.

O no final me justifico dizendo que onde há o caos há uma estrela cintilante não é Nietzsche? Mas você morreu louco, e agora. E a loucura, é boa afinal, o que diria você Erasmo? Acho que experimentamos todos os dias de uma loucura diária, só que suportável, por isso vivemos, e essa loucura além de suportável, é aceitável, quando passa a não ser, deixamos de viver, pelos menos as nossas próprias vidas para vivermos a delas, sim, as delas mesmo, aquelas famílias lindas e horripilantes de comerciais de margarina. Oh famílias motivadoras, vou ter um filho igualzinho ao seu, que não vai escrever certas linhas, ou linhas nenhumas. Desejo oh Deus que meus descendentes tenham algo diferente de mim, a atitude. QUE ELES SEJAM.! AMÉM!