sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ele e sua virilidade

Virilidade: substantivo feminino, todavia, adjetivo masculino. Qualidade de viril, homem com esforço, vigor e coragem.

Fiquei pensando em uma palavra para dotar a mulher com os mesmos adjetivos, vasculhei minha memória, e não encontrei uma sequer. Talvez pudesse existir a expressão “uterina”, para podermos falar em: força, coragem “uterina”, e não foi em vão que pensei, pesquisei na internet e tava lá: força uterina, força de mãe. Isso! Agora sim, temos um termo, pois é no útero que a mulher possui o maior poder, o de formar um ser.

Tudo bem, agora com expressões em mãos, posso continuar a reflexão. Uma mulher busca sua força para lutar, trabalhar, viver em meio a constantes desafios baseada na força que o útero a proporciona, e o homem, busca também sua coragem para lutar, vencer as dificuldades, em seu poder fálico, seu poder viril.

Agora, eu posso concluir uma coisa, existe uma mulher, (que além dos desenganos que todas as mulheres sofrem, por viverem em uma sociedade patriarcal), se sobressaiu, e foi mais adiante: lutou com armas na mão a favor do povo, foi espancada, agredida, torturada. Ela não só sentiu as dores do parto como se vê. Recentemente ela venceu um câncer, e está aí: firme e forte, possui, portanto, uma força uterina.

E ontem (dia 21 de outubro de 2010) conclui outra coisa, que existe um homem, que sofreu um traumatismo, está com um edema na careca, tudo por uma força fatal de uma bolinha de papel, eis um homem que definitivamente não é viril.

domingo, 12 de setembro de 2010

Mulher moderna ou não moderna, eis a questão!


Em tempos de liberdade, objetivos alcançados, lutas vencidas e muitas ainda por vencer, como ser uma mulher em diferencial daquelas que se levam pelas ideologias prontas?

A mulher pode ousar tudo, ser ela mesma? Deixar de lado convenções morais, deixar seu instinto feminino falar mais alto?

Oh quantas perguntas ainda temos por responder. E ai que raiva que tenho das mulheres com todas essas respostas.

Fico aqui sentada olhando para o mundo, apenas como espectadora, ínfima espectadora, que vê tudo apenas por internet e televisão, e que nem a cabo é. Mas vi algumas coisas, acompanhei pessoalmente, e li em algum lugar: mulheres, quantas mulheres que lutaram pela liberdade. Liberdade para poder estudar, trabalhar, amar, e apenas buscar seus próprios sentidos na vida, pois infelizmente, nosso destino já é traçado, e acabamos nos iludindo com as maravilhas de sermos mulheres neste nosso século. Podemos agora estudar, trabalhar. Somos executivas, empresárias, doutoras, cientistas, filósofas, psicólogas, trabalhadores, estudantes, mães casadas, mães solteiras. São nossas nomenclaturas, agora homens, são apenas homens, parecem ainda não precisar de tantas formalidades para se identificarem como pessoas.

Mas voltando às escolhas, somos nós que escolhemos ser executivas, médicas, juízas, ou só são das tais nomenclaturas que tanto precisamos para conseguirmos sermos pessoas? Infelizmente, estamos entrando em uma fria, estamos novamente nos escondendo atrás de algo para nos defendermos da sociedade, e mesmo assim continuamos prisioneiras. Mas porque diabos ainda somos tão prisioneiras diante de tanta liberdade de expressão, eu, por exemplo, posso escrever isso aqui sem ser taxada de subversiva, feminista, mulher moderna, ou qualquer outro apelidinho mais vulgar ou comum? Não! Não posso. Somos ainda prisioneiras, conquistamos nosso espaço profissional, e acumulamos tarefas, agora além de sermos boas mães, esposas, donas de casa, somos também boas profissionais, o que era antes a depressão da dondoca, se transformou na supressão da mulher moderna. Sem falar também da prisão do casamento, deixamos de lado nossos gostos, princípios e ideais, para nos tornarmos “um só”. Um só, na prisão da sexualidade monogâmica, na prisão das roupas decotadas que já não usaremos, dos amigos homens que não serão mais tão frequêntes em suas visitas, e entre tantas outras coisas, toda essa prisão em troca de comodidade, conveniência, moralidade. Mas essas idéias que coloco aqui não serão executadas por mim, pois as normas contra as quais luto constantemente já estão enraizadas em mim; penetradas como um câncer que já tomou conta de todos os órgãos vitais. E o que devemos fazer, nos render? A resposta é não, pois estaríamos lutando contra nós mesmas, olho tão fundo para o meu problema, que ele passa a me olhar e a me consumir. Infelizmente temos que nos adequar constantemente a cada ambiente que frequentamos, na faculdade não podemos usar vestidos vermelhos e curtos (caso Geise), não podemos também frequentar bares junto aos nossos amigos homens, não podemos beber, pois ficamos histéricas e vulgares, como também, não podemos ser mal-amadas, temos constantemente que ter um homem que nos ame incondicionalmente, e que nos sejam fiéis eternamente. Temos que manter a pose, o que seria de nós sem ela? E quando arrumamos um homem, ao menos próximo do que é humanamente possível de ser, para estar do nosso lado e não por cima da gente, os belos desafiadores da nossa sociedade moderna, ainda levam nome de babacas, dominados, inferiores ou gays. O pior de tudo vem aí, são as próprias mulheres que se detonam. Outro dia, levei um filme para o ônibus da faculdade, para passar tempo em uma hora de viagem. O filme era uma comédia pornô, o estilo american pie. Inocente, coitada de mim, levei um filme em que se tratava de uma mulher virgem, que quer perder a virgindade e fica procurando caras para executar a difícil missão. Acostumados, porém, com filmes levados também para esse ônibus, e que se tratava de homens virgens correndo atrás de mulheres, e levados também por homens, pensei novamente ingênua, que tal filme seria apenas mais um. Triste engano, as mulheres quase santas, e todas virgens, fizeram uma revolução, me xingaram de tudo o que não presta, outras perguntaram até se eu não tinha vergonha. Resumindo, seria mais honroso, moral e ético, um homem levar um filme de um outro homem tendo ejaculação precoce, pois nunca comeu ninguém na vida, de que uma mulher, levar um outro filme de uma mulher, querendo ser deflorada, pois a sua natureza a chamava.

Oh com é difícil ser mulher, e como é mais difícil ainda ser mulher moderna, nessa sociedade tão mais moderna, ter que ser tão cautelosa diante de tantas exigências. E diante delas, ai vai uns palpites de como ser uma mulher de sucesso e feliz, sem maiores problemas:

1 - Ter o cuidado de não falar palavrões na frente de familiares ou pessoas que não sejam da sua idade ou de sua tribo;

2 – Ser coerente e equilibrada 24h por dia;

3 – Não cansar; não ficar feia ou com rugas;

4 – Não ter olheiras, e ter cabelo liso é de fundamental importância;

5 – Usar sempre salto alto;

6 – Vestidos decotados apenas em locais apropriados, como por exemplo, prostíbulos, bordeis, cabarés, ou puteiros mesmo.

7 – Não poder ser cachorrona, não pedir sexo, não tomar a iniciativa.

8 – Casar e ter filhos;

9 – Trabalhar fora e dentro de casa;

10 – E ainda no quesito beleza, ter que fazer academia, colocar silicone, fazer uma bela lipo, e uma plástica na meia idade.

Oh minha Nossa Senhora das causas impossíveis, valei-me.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quem quer nesse mundo globalizado viver humildemente?



texto de 2008


A busca desenfreada do ter deixa de lado o ser. Se perguntássemos a uma garota que viveu na década de 70 aqui no Brasil, quais eram seus sonhos, planos e objetivos, a resposta seria fascinante. Ela queria voz, liberdade de expressão e de pensamento, ela iria querer aperfeiçoar-se, buscaria conhecimento, estudaria obras dos mais variados intelectuais, só pra entender o mundo em que ela estava vivendo. Entender porque a busca e a detenção do poder nos fazem tiranos, ditadores. Que essa busca usurpa todo sentimento de piedade, compreensão, amor ao próximo, mesmo que mínimo existente no ser humano. Essa garota iria falar dos sonhos de liberdade, igualdade, de atos filantrópicos que deveríamos seguir, tudo isso porque ela viveu numa das épocas mais conturbadas de nossa história, a ditadura militar, esta que trouxe tanto sofrimento, dilaceramento físico e intelectual, mas contudo fez despertar no consciente social a busca pelo aprimoramento, pela mudança.
Em janeiro de 2008, gostaria de perguntar a uma jovem o que ela gostaria de ter, que sonhos gostaria de realizar. Mais seca não poderia ser a resposta da garota século XXI, ela não sonha nada. O mundo que se acabe, mas suas crises existenciais são mais importantes. A roupa de grife que ela não consegue comprar é frustrante, e o scarpan (para quem não sabe, isso é aquele sapato que tem um bico) que não combina com nada. Um macho rico que sustente e realize seus mais torpes desejos. É simplesmente dura e insossa a vida dessa garota. Esta que acabará o resto da vida lendo Augusto Cury e não fará nada que mude a vida ao redor de si mesma.
Estes são os novos mitos norte-americanos. Não haveria pior civilização imperialista, esta que nos impõe uma cultura pobre, com nomenclaturas bem simples, estas que são: consumir, capitalizar, consumir. Essa é a cultura que os jovens e crianças de nosso tempo estão adquirindo. Será que o SER humano irá mesmo se tornar um TER humano? Não se sabe, pode ser que em um extremo de capitalismo e globalização, algumas pessoas cheguem a produzir e expor o melhor que têm em si, em contradição a tudo isto.
Em meio a todo esse blá-blá-blá, lembrei-me de uma figura interessantíssima da cultura grega, Diógenes Laertios. Ele que foi seguidor de Antístenes, criador da corrente filosófica chamada de cinismo. Na sua origem cínico significa “canino, próprio dos cães. Em grego, kuon significa cão, e a ligação etimológica é evidente. Os kunikós eram os membros de uma seita filosófica que desprezava as conveniências e as fórmulas sociais”. Este sujeito vivia em um barril e como o significado nos mostra, ele vivia como um animal, aproveitava apenas o que a natureza poderia lhe oferecer, criticava o modo de vida da sociedade que esbanjava luxo. Ele abdicou da vida material. Existem muitas anedotas sobre este hilário cínico. Certa vez estava na acrópole (ágora, errata) em plena luz do dia, se masturbando. As pessoas ficaram chocadas e quando repreendido, simplesmente exclamou: "Oh! Mas que pena que não se possa viver apenas esfregando a barriga!”.

Mas por favor, crianças não façam isso na rua, vocês podem ser presos!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Antíteses (15/12/2004)




Há quem diga que o mundo não tem jeito
Que a esperança já se foi para não voltar
Que a mentira já tomou conta de tudo
E para verdade nesse mundo não há lugar
Há quem diga que sonhar não vale a pena
É viver perdido na desilusão
Que a felicidade tomou outro rumo
O ser humano já não tem um coração

Este é o mundo dos computadores
Este é o mundo do capitalismo
Este é o mundo dos que passam fome
Destruídos pelo egoísmo
Este é o mundo que fabrica robores
Geradores da autodestruição
Movidos pelos mesmos motores
De quem só quer ter dinheiro nas mãos

Há quem diga que esse mundo tem jeito
Que a esperança é a última que morre
Que a mentira já tomou outro rumo
E a verdade é a fofoca que rola
Há quem diga que sonhar é combustível
Para fazer andar a nossa geração
A felicidade é nosso motivo
Para dizer que o homem tem um coração

Este é o mundo da fraternidade
Este é o mundo de paz e amor
Este é o mundo dos que sempre ajudam
Aos que morrem de fome e de dor
Este é o mundo que fabrica remédios
Para curar a dor do coração
Movidos pela mesma esperança
Para os que caem sempre dão as mãos

Este é o mundo das controvérsias
Das mentiras e verdades expostas
O mundo das antíteses enfáticas
Da esperança e dos sonhos medrosos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Relembrando ADM


Manda quem pode, obedece quem tem juízo, diz o ditado popular. Essa é uma máxima antiga, mas será que ela é tão antiga assim?

As empresas estão se modernizando, mudando padrões, adotando lideranças não mais autoritárias. O chefe não mais dá ordens inúteis só para demonstrar seu poder, ele deixa o grupo à vontade para produzir, é humilde para ouvir o que o subordinado tem a dizer, aceita opiniões, conhece seus subordinados e reconhece seus feitos, e sempre está fazendo auto-análises procurando rever seus conceitos e paradigmas.

Acontece que essa empresa moderna só existe nos livros de Administração, nas revistas especializadas. Há sim, menos opressão, isso não há como negar, todavia, líderes humildes, infelizmente não. Tenho a impressão muitas vezes, que o indivíduo, ao se tornar um chefe, é acometido por complexo de superioridade. Seu olhar somente é dado de cima para baixo, quando não é de desprezo ao seu inferior, é de uma velada compreensão, humildade, e companheirismo.

Entretanto, contrariando o que havia falando, há sim o líder que há pouco considerava utópico, inclusive já conheci um que se encaixava no perfil. Parecia mesmo que ele tinha pulado das páginas de um livro de Administração para a vida real. Era o tipo que sempre ajudava, não seguia fielmente a velha hierarquia da era clássica da administração e científica de Taylor e Fayol – obviamente não desconsiderando seus feitos, pois a partir deles é foram surgindo as novas escolas e ideologias hoje reconhecidas – mas ele seguia a linha humanista da Administração, e em pouco tempo consegui perder as contas de quantas vezes ele já foi promovido na empresa que trabalha.

Manda quem pode, gosta, e se sente bem o fazendo. Obedece que tem juízo, gosta do emprego, e se sente bem ganhando o seu todo mês. Pois é, o chefe é quem manda, não importa o motivo para dar ordens ou manter o subordinado debaixo das suas asas, e o subordinado é quem obedece sabendo muito bem qual o motivo. E no final das contas, tirando produtividade, responsabilidade, utilidade, termina o chefe mandando, sem nem saber por que, e o subordinado obedecendo sem querer pensar.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre a deslealdade

Sou contra toda e qualquer deslealdade. Conheço particularmente dois tipos, uma deslealdade bruta, óbvia, e uma deslealdade sutil, lapidada.

A primeira é terreno fértil onde são plantadas algumas sementinhas. A segunda é a água que rega.

A bruta é burra, nem percebe que dá na cara, que todos sentem o cheiro forte que possui a semente da falsidade, principalmente se anda ao lado da lapidada e sofisticada deslealdade sutil, esta que prepara todo o terreno para regar tudo o que também apenas possui: falsidade.

No final, no juízo final, qual das duas deslealdades é pior?

Eu particularmente não gosto de coisas óbvias, explícitas. Gosto de olhar, observar, analisar, e ter finalmente conseguido sentir o cheiro podre que há em toda sutileza e perspicácia da deslealdade fina. Enquanto, coisas óbvias, a gente sente o cheiro de longe, todo mundo vê quando atua a deslealdade burra.

Ah, mas há uma esperança. Uma hora, de tanto andarem juntas, a burra e a inteligente, por onde passarem deixarão o rastro de falsidade, inveja, infelicidade e frustração, afastando, portanto, uma coletividade de narinas sagazes.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vamos discutir religião?



Como é difícil falar sobre religião. Será que a relatividade me permite defender ou punir qualquer tipo de religião? Será que extremismos, sejam teístas ou ateístas também me permitem dialogar? Pois bem, qualquer um discute, dialoga, ou mesmo monologa sobre religião, mas ninguém chega a um consenso, então seria possível concluir que a discussão é inútil?

Por isso que é muito complicada a construção de um texto sobre religião, para isso eu teria que ler milhões de livros que estão disponíveis nas bibliotecas, sejam dos que foram jogados na fogueira da inquisição católica, ou um São Tomaz de Aquino para começar. Eu não li esses livros, minha fonte é totalmente limitada, no entanto, este assunto “cututa” na minha cabeça desde sempre. Mesmo assim, gostaria de expor minha opinião, mesmo, que por muitas vezes esta seja baseada no achismo.

Eu vejo constantemente pessoas que se intitulam como ateus, ou senão, agnósticos, céticos, ou até como outros chamariam: “hereges” na atualidade. Paira no campo acadêmico este tipo. Os detentores do conhecimento, e da salvadora ciência, estão nos corredores da Faculdade, fazendo cursos de História, Física, e seus similares. Mal entram na faculdade já começam a ler Nietzsche, Freud, Marx e Engels, entre outros intelectuais, aí pronto, estão com documentos dignos para comprovação da inexistência de Deus. Alguns entram católicos ou mesmo os crentes convictos, e inebriam-se diante de tanto conhecimento e tanta informação juntas – de hoje em diante, serei estudante de História, falarei mal da igreja católica na Idade Média, e serei ateu – Este sim, deveria ser o juramento de um calouro. E os professores, principalmente os de História, de Faculdades Federais ou Estaduais, acho que eles se sentem na obrigação de serem ateus, se não soaria inculto diante de seus alunos.

Lembro-me da época que fiz cursinho, em que professores faziam caricaturas da Idade Média, pareciam até evangélicos daqueles que andam de porta em porta, com frases feitas, e argumentos prontos, para impressionar qualquer leigo. Então de repente entram na discussão: ATEU vs TEÍSTA, “quem consegue provar a existência de Deus? O ateu com a mais recente descoberta científica da prova de que não se pode provar que Deus existe, o teísta com a prova da Física Quântica, de que há possibilidade de Deus existir. É uma discussão sem fim.

Mas eu, no meio de tanta mudança, de tanta gente que não acredita mais no Deus que não interrompeu tal guerra, que não salvou seu filho com câncer, - “se ele existe, porque permite tal desgraça” - alguns falam ou gritam envoltos em suas revoltas. De tanta gente que leu tantos autores que não acreditavam nesse Deus. Eu aqui, no meio do Deus da fé Islâmica vs fé católica, e das guerras promovidas em seu nome. Das pestes, das gripes suínas, das dores, dos lamentos. No meio do ateu instruído, com Doutorados, P.h.d, e para lá das tantas especializações e cursos. No meio de tantos livros que nos fornecem o que sabemos sobre o mundo. Diante de tudo isso eu me pergunto: Deus existe? E ao olhar para mim mesma, sabendo de minha existência, sabendo que sou o que a sociedade me fez, mas não estou livre do meu instinto, e, sobretudo, sabendo que Deus me deu, e a todos o livre arbítrio, respondo que sim, Deus existe, se ele não existisse, este texto não existia, meus dedos não existiriam, meu conhecimento, meu corpo, e você que agora está lendo este texto também não existiria, pois diante de todos os conceitos que conheço de Deus, eu me reconheço em um, que Deus está em mim, e está em tudo. Está na criação, esta mesma que em tal momento foi conceituada como “Big Bang”. E como diria Pe. Zezinho, Deus não é o Deus que vemos, Deus é o que é, independente dos ângulos que o vemos.

Deus sempre existiu, mas quem criou os ângulos de como vê-los foram os homens. Acredito quando muitas vezes alguém diz: “nós somos criadores dos deuses”. Pois são os homens que denominam, conceituam, dão forma, a Deus, a dinvidade. Deus em algum tempo era algo redondo e brilhante, o sol foi Deus. O homem não cansou, fez Deus de forma monoteísta, como na crença cristã, fez deuses, no politeísmo na Grécia e em Roma. Deus no panteísmo também tinha sua forma modelada pelos homens, Deus é o universo. Deus com variados nomes, na judaico-cristã pode ser Javé ou Jeová, no Islamismo, Deus é Alá, entre outros nomes, tais: Killyou, Ahman, Brahma, Mawu na nação Jeje Candomblé Jeje, Olorun na nação Ketu Candomblé Ketu, Zambi nas nações Angola e Congo Candomblé Bantu, Guaraci na nação tupi, como o criador de todos os seres vivos, Jahbulon na maçonaria e na O.T.O., entre tantos. Deus também tem o lado feminino como: na Índia, como Kali, Tiamat (Babilônia), Temut (Egito), Nu Kua (China), Têmis (Grécia pré-helênica), etc.

Com tudo isso, ficam os crentes, aqueles que crêem na sua denominação religiosa, seja teísta ou ateísta, criando muros contra outras religiões, apenas por conta de rótulos e nomes. Repetindo, Deus é o que é, não o que vemos. Ao invés de criar muros, porque não criar pontes, como diria o poeta. “Respeito é bom e eu gosto”, muitos falam. E respeitam as denominações religiosas julgando-as. O ateu julga o teísta, e o contrário também ocorre, e evangélico julga o católico, e o contrário também. O católico e o evangélico juntos julgam o candomblé, o espiritismo, e as religiões de origem afro-brasileiras, denominando-as como religião do demônio. Acima de tudo isso, existe um capeta safado rindo da gente, e um mistério chamado Deus.

(Elza Nayara)


Finalizando enfim, gosto muito desse trecho de Voltaire:

"Dirijo minha luta não contra as crenças religiosas dos homens, mas contra os que exploram a crença. Detestemos essas criaturas que devoram o coração de sua mãe e honremos aqueles que lutam contra elas. Acredito na existência de Deus. Em verdade, se Deus não existisse, fora preciso inventá-lo. Meu Deus não é um Rei exclusivo de uma simples ordem eclesiástica. É a suprema inteligência do mundo, obreiro infinitamente capaz e infinitamente imparcial. Não tem povo predileto, nem país predileto, nem igreja predileta. Pois para o verdadeiro crente há, apenas, uma única fé, justiça igual e igual tolerância para toda a humanidade."



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O IMORAL E O MORAL DE FORMA GENERALIZADA


Estou extremamente cansada dos valores inventados por essas tristes cabeças humanas desocupadas. O valor da moral e dos bons costumes aprisionam! E o valor do imoral, não aprisiona? Como diria nosso Raul: “Eu não sou besta pra tirar onda de herói, sou vacinado sou cawboy, cawboy fora da lei”. Entre tantos significados em seu contexto, estava também aí à busca do equilíbrio, da racionalidade. Pois é, mesmo ele, tão louco, tão legal, tão fora da lei, não queria saber de encarar determinado extremo.

Mas voltando aos valores da sociedade, a moral e os bons costumes estão prevalecendo desde outrora até hoje. Ocorreram revoluções no mundo, com relação a moralidade e costumes, e no Brasil por volta dos anos de 1970, conhecido como a onda hippie. E mesmo com isso a moralidade ainda predominou e predomina. Contudo, mesmo assim, persistem a contracultura, em detonarem a moralidade. Beleza, tudo bem, o mundo não teria graça se só existissem morais ou só imorais. Mas o fato é que eles enchem o saco.

De um lado estão os morais com suas sentenças prontas, conhecidas há séculos por nós, e que devemos levá-las à frente. No entanto, me apartei há tempos dos morais, por mais que ainda viva no meio deles, compartilhe não só casa, cama, como também sentimentos, eu não compartilho do total dos seus valores. De outro lado, estão os imorais, que mandam você descer do muro, gritam que imoralidade é liberdade. No imoral há profundidade, há caos, e eles acabam compartilhando de um fim bem semelhante.

Os imorais, tanto quanto os morais seguem modas. A moda do moral normalmente é ditada pela classe dominante conservadora. Os moralistas usam ternos, cores neutras, falam baixo, ouvem boa música, e não ligam para problemas existenciais ou sociais. Vivem suas vidas de forma alheia. A moda do imoral, por sua vez, é ditada por suas tribos, sua “contracultura”. Todos se vestem de forma parecida, ouvem músicas revolucionárias e contraditórias, gritam para o mundo suas verdades. Os imorais normalmente encontram-se em humanas, enquanto os morais encontram-se em exatas.


À semelhaça dos que se postam no meio da rua a olhar de boca aberta quem passa, ainda eles aguardam de boca aberta os pensamentos dos outros. (Assim Falava Zaratrusta, Nietzsche)


Ai que chatos são esses sujeitos que se encontram nas extremidades. Eles nos espremem até sair cuspe e catarro em forma de texto. Para vocês das extremidades, digo-vos: a visão daqui de cima do muro é ótima, eu consigo ver todos vocês em todas as suas peculiaridades. Aqui em cima é muito bom, isso quando não sou por vezes, espremida. Pego-me, por várias vezes, rindo dos seus valores, de suas modas, e principalmente da lealdade em que vocês seguem seus Reis, suas Religiões, suas Seitas, suas Verdades absolutas, suas procissões tolas.


Sou ardente demais e estou demasiado consumido pelos meus pensamentos. Falta-me amiúde a respiração, então necessito procurar o ar livre e sair de todos os compartimentos empueirados. (Assim Falava Zaratrusta, Nietzsche)


Aqui em cima o vento é fresco, dá para respirar melhor, aqui em cima, por vezes me sinto até superior, mas só de pensar nisso, paro e tenho medo de cair em uma das extremidades. Peço-vos morais e imorais: parem de me espremer, senão eu espirro catarro em vocês.



Elza Nayara